sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Psicomotricidade

O que é a Psicomotricidade? 

A psicomotricidade é uma terapia de mediação corporal que estuda e investiga as relações recíprocas e sistémicas entre o psiquismo (mente) e a motricidade (corpo). Baseando-se numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de forma integrada as funções cognitivas, sócio-emocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras promovendo a capacidade de ser e agir num contexto psicossocial.
 
Ou seja, a psicomotricidade interfere no acto intencional significativo a fim de estimulá-lo e modificá-lo, usando como mediadores a actividade corporal e a expressão simbólica com o objectivo final de aumentar a capacidade de interacção do sujeito com o ambiente.

“A Psicomotricidade é a vida psíquica expressa em comportamento. O conjunto de fenómenos que constituem o substrato da vida psíquica (impulsos, emoções, sentimentos, pensamentos) exprime-se através da motricidade (linguagem corporal e verbal).”

João dos Santos 

Intervenção a que nível?

A psicomotricidade pode actuar ao nível preventivo, reeducativo e terapêutico. É uma intervenção com:



Indicações terapêuticas:
  •  Tipos de personalidade ou de fases do desenvolvimento que podem evoluir melhor através do agir, da experimentação e do investimento corporal;
  •  Pessoas para quem é necessário reencontrar a possibilidade de comunicar e de organizar o pensamento, privilegiando a experiência ligada à interiorização da vivência corporal;
  •  Problemáticas com incidência corporal: dispraxia, desarmonias tónico-emocionais, instabilidade postural, perturbações do esquema corporal e da lateralidade, estruturação espacial e temporal, perturbações da imagem corporal, problemas psicossomáticos;
  •  Problemáticas com incidência relacional: dificuldades de comunicação e de contacto, inibição, instabilidade psicomotora, agressividade, etc.;
  •  Problemáticas com incidência cognitiva: no plano do processamento informacional: défices de atenção, de memória, de simbolização e de organização perceptiva.
APP (Associação Portuguesa de Psicomotricidade)  
como por exemplo ...
Perturbações do Espectro Autista;
Perturbação da Hiperactividade com Défice de Atenção;
Dificuldades de Aprendizagem;
Perturbação do Comportamento;
Paralisia Cerebral;
Síndrome de Down;
Défices Sensoriais, ... 

Como é organizada uma sessão de Psicomotricidade?

Na generalidade uma sessão de psicomotricidade engloba as seguintes fases:
  1. Ritual de entrada na sessão, como por exemplo descalçar os sapatos;
  2. Conversa inicial (organização psicolinguística), onde são escolhidas e/ou apresentadas as actividades a realizar;
  3. Realização das actividades, seguindo-se as actividades escolhidas pelo terapeuta;
  4. Retorno à calma, normalmente através de exercícios de relaxação;
  5. Diálogo final, por vezes poderá ser realizado um desenho sobre a sessão;
  6. Ritual de saída.
A metodologia da intervenção poderá ser em grupo ou individual, é escolhida consoante as necessidades dos indivíduos. Quando se opta por um método individual o objectivo será sempre a inserção num grupo.

Que actividades são realizadas?

Jogo simbólico (dramatizações, faz-de-conta, …), técnicas de relaxação (relaxação para crianças de Jéan Bergés, relaxação progressiva de Jacobson, relaxação Psicomotora, …), terapia e reeducação gnóso-práxica (promoção da estruturação temporal, organização e planificação de tarefas, …), actividades de educação gestual e postural (reeducação da equilibração e do controlo tónico, …), actividades de estimulação sensorial, actividades expressivas, actividades lúdicas, entre outras.


Em psicomotricidade partimos sempre daquilo que o indivíduo já é capaz de fazer (possibilidades psicomotoras) a fim de criarmos um ambiente envolvente, acolhedor, cativante e de confiança, para que mais tarde o indivíduo nos mostre as suas dificuldades (dificuldades psicomotoras) e assim, conseguimos intervir, modificando-as, recorrendo sempre a um ambiente lúdico, simbólico e de grande expressividade motora.

O instrumento de trabalho é o corpo em movimento, o do terapeuta e o do indivíduo, como meio de relação consigo próprio, com o outro e com o envolvimento.


Rute Maria
Psicomotricista