terça-feira, 29 de março de 2011

A Importância da Rotina na Creche (Fada Orientadora)

“A sucessão de cada dia ou sessão tem um determinado ritmo existindo, deste modo, uma rotina que é educativa porque é intencionalmente planeada pelo educador e porque é conhecida pelas crianças que sabem o que podem fazer nos vários momentos e prever a sua sucessão, tendo a liberdade de propor modificações. Nem todos os dias são iguais, as propostas do educador ou das crianças podem modificar o quotidiano habitual.” «Orientações Curriculares, pp. 40»

Na educação infantil a rotina diária tem uma grande importância, no entanto é ainda maior para as crianças da creche (até 3 anos) pois exerce um importante papel de segurança e conforto.
A rotina diária na creche é muito importante, uma vez que proporciona à criança uma sequência de acontecimentos que ela segue e compreende, ou seja, oferece-lhe uma estrutura de acontecimentos do dia. Deve ser consistente, permitindo que a criança antecipe os acontecimentos que se vão seguir, sendo uma estrutura de segurança para a criança.
A rotina desempenha também um papel facilitador na captação do tempo e dos processos temporais. A criança aprende a existência de fases, do nome dessas fases e o seu encadeamento sequencial.
Contudo a rotina funciona também como um suporte para o educador pois permite-lhe gerir melhor o seu tempo e planificar o dia. Compreende-se por rotina os seguintes pontos:
1 – Acolhimento (08h às 9h45)
O acolhimento é uma fase muito importante do dia, deverá ser feito por um adulto da sala, disponível para conversar com quem traz a criança, de forma a saber como passou a noite, como acordou, a que horas comeu, compreendendo melhor a criança.
2 – Actividades dirigidas (9h45 às 10h30)
Este período é de extrema importância, por isso é fundamental que as crianças estejam todas na creche a esta hora. É o momento em que temos as conversas de tapete e explicamos a actividade que se irá elaborar durante a manhã. Para as crianças nesta faixa etária o tempo de concentração é diminuto, logo a entrada de crianças durante esta altura é prejudicial para o grupo em geral.
3 – Refeições (lanche da manhã, almoço, lanche da tarde)
Mais importante que "o dar de comer" é a relação afectuosa que se cria nas refeições. Estabelecem-se diálogos com as crianças, dá-se atenção, mostram-se sorrisos e isso permite transformar este momento num acto de afecto, de brincadeira, de jogo e de prazer. O respeito pelo horário das refeições, pela introdução de novos alimentos, pelo ritmo individual de cada criança e, ainda, por uma alimentação adequada e rica são, também, elementos a não esquecer.
4 – Higiene
A base indispensável para garantir o bem-estar do bebé ou criança é a sua higiene pessoal.
A simples acção de mudar a fralda pode parecer, à partida, uma tarefa não valorizada, que qualquer pessoa pode assegurar. No entanto, mais do que o simples contacto físico, pode constituir uma ocasião privilegiada para a construção de sentimentos essenciais de segurança e reconhecimento.
5 – Repouso (12h30 às 15h)
Quanto mais pequena é a criança, maior é a sua necessidade biológica de dormir. Existem, no entanto, alguns factores a ter em conta:
Adormecer num espaço calmo, silencioso, de modo a que o sono proporcione um momento agradável à criança. Se existir um objecto transaccional (um peluche ou objecto preferido), deverá acompanhar a criança neste momento, pois transmite conforto e alívio, permite representar a família ausente e tolerar melhor a separação.
(Texto adaptado)

As Mordidelas (Fada Orientadora)

Na fase do 1 aos 3 anos as crianças ainda estão a aprender a lidar com os outros, as regras de convivência e de viver em sociedade não estão nada assentes, o seu vocabulário e expressão não permitem ainda defender-se e expressar-se junto dos outros e a dentada ou o empurrão acontece como sendo a única forma de se evidenciarem e fazerem-se valer face aos outros.
A dificuldade em partilhar, tirar coisas uns dos outros, a disputa pelas pessoas e pelos brinquedos é expressa de uma forma mais física e nada verbal, daí as agressões e as dentadinhas.
As dentadas podem acontecer quando a criança está excitada ou quando a criança ainda não possui o vocabulário e a linguagem para se exprimir. É uma fase passageira, mas para que esta não se prolongue por tanto tempo, a eficácia na sua repreensão é fundamental.
Quando uma criança morde acaba por chamar a si muita e toda a atenção, talvez maior que aquela que inicialmente pretendia. Uma vez que as crianças se imitam umas às outras, as outras crianças podem começar a morder também e isto é o que, geralmente, acontece na creche ou nos Jardins.
A criança tem o seu primeiro contacto com o mundo através da boca, pelo seio materno, que lhe proporciona o prazer de saciar sua fome. Em razão dessa relação de prazer, à medida que cresce leva outras coisas à boca, como as mãos e os pés. Aos poucos vai tentando saborear outros objectos e até mesmo as pessoas, na tentativa de conhecer e descobrir melhor o mundo.
A fase oral é dividida em duas etapas, a de sucção e a de mordida. Na fase da mordida "há uma tendência a destruir, morder, triturar o objecto antes de incorporá-lo". Essa fase é dividida em duas características principais, sendo oral receptiva, quando o sujeito não passa por privações, tornando-se uma criança muito generosa e oral agressiva que aparece uma "tendência a odiar e destruir, a ter ciúmes da atenção que outros recebem, a nunca estar satisfeito com o que tem e a desejar que os outros não tenham algumas coisas, mesmo que não as queira para si".
A criança que morde, na verdade, está à procura de uma forma prazeirosa de se expressar com o mundo, de se descobrir dentro dele, pois nesta fase a sua libido está centrada na boca, na porção superior do trato digestivo.
Através desse contacto, aos poucos vai percebendo várias diferenças como doce e salgado, duro e mole. E na escola, ao morder um amigo, descobre novas sensações de prazer, como em ver o susto, a reacção, o choro do outro. A partir dessa sensação agradável, volta a fazer repetidamente.
As mordidas acontecem em situações de disputa por brinquedos ou quando entra uma criança nova no grupo, causando emoções como insegurança, medo da perda ou ciúmes do novato, já que a educadora está com a atenção mais voltada para o mesmo. Como não consegue administrar seus sentimentos, manifesta o incómodo através da mordida.
Nunca é nem nunca será solução assustar a criança e repreendê-la fisicamente pelo acto cometido, uma voz firme no momento exacto será suficiente para repreender o acto, se essa situação já se tiver prolongado e a criança já tenha por hábito esse gesto, o ideal talvez seja colocar a criança numa posição menos agradável, colocando-a de parte dos outros, retirando-lhe um brinquedo de que goste muito e explicar-lhe da melhor forma que essa não é solução, ensinando-a a dizer não, quando contrariada pelo colega ou a chamar o adulto quando precisa de alguma coisa. Conversar com as crianças, tanto com a que foi mordida como com quem a mordeu, é um exemplo de que não é com violência que se resolve as situações. Outra estratégia a tentar será falar primeiro com a criança que foi mordida de modo a não dar tanta atenção à criança que mordeu, de modo a que esta nunca associe a violência a uma chamada de atenção.
É importante detectar as situações logo de início, uma vez que se trata de um hábito que se pode manter, o facto de fazer com que não se torne um hábito é um ganho. Há que trabalhar com as crianças as suas capacidades de comunicação com os outros e ensiná-las a respeitar-se mutuamente. É uma capacidade que tem que ser cultivada e adquirida pela criança.


Texto adaptado

A adaptação (Fada Orientadora)

O Período de adaptação é “aquele” terrível momento para as crianças, pais, famílias e… educadoras. Sim, para as educadoras também. É horrível ver uma criança chorar desesperadamente porque os seus pais a deixaram “abandonada” (como ela pensa que foi) e não poder fazer nada por ela, salvo deixá-la chorar, fazer-lhe miminhos, dar-lhe abraços e beijinhos até que entenda que a mamã, o papá, a avó… vão voltar.
A todos nós nos custa adaptarmo-nos às mudanças: a mudar de casa, adaptar-nos a um posto de trabalho… Imaginem o que não deve custar a esse diminuto ser que, tão pequeno, experimenta essa grande mudança.
Vai passar do seio familiar, em que todos são conhecidos e onde ele sabe que o amam muito, para a “escola”, um lugar estranho, cheio de pessoas estranhas e com um monte de crianças, que ele vê como rivais.
Nós, os peritos e profissionais que trabalhamos neste campo consideramos que quanto mais cedo se produzir esta mudança, melhor será, tanto para o bebé como para as famílias. A idade que se considera ideal para tal são os seis meses, uma vez que é a partir desse momento que o vínculo materno filial se torna mais forte e a separação poderá ser mais dolorosa.
“Quanto tempo vai levar o meu filho a adaptar-se à creche?”, “Nunca mais vai deixar de chorar?”: são algumas das perguntas mais frequentes que se ouvem em qualquer creche nos primeiros dias. Cada criança é um mundo, e como tal, levará tempo a adaptar-se, dependendo das suas características.
É evidente que muitos são os factores que influenciam, como o tempo que passa com os pais ou os avós, se é ou não uma criança que adoece com facilidade, se tem ou não irmãos, etc.
Há que dar tempo á criança e não devemos pretender que se adapte no tempo a que a nós nos cai bem. Há que respeita-la e dar-lhe o seu tempo para que adaptação seja plena e completa.
Às vezes são os pais quem realmente necessita de uma adaptação. A sua insegurança ao deixa-los na creche, de mãos a tremer, lagriminha no olho… fazem sentir á criança que qualquer coisa não vai bem e o que vai acontecer a seguir não deve ser boa coisa.
Devemos tentar deixar as crianças entregues aos educadores com a maior serenidade e confiança, para que elas entendam que o que estamos a fazer está bem. Quando vemos que, mesmo assim, a criança chora, temos que tentar tranquiliza-la com frases como: “calma, a mamã e o papá já voltam”, “vêm buscar-te depois”.
Nunca, e isto é muito importante, nunca deve a família ameaçar as crianças com as “escola”, pois assim não conseguiremos uma adaptação totalmente satisfatória. Embora os nossos filhos sejam parte de nós mesmos, eles são pessoas com ideias e sentimentos próprios os quais devemos deixar “voar” e não pretender que estejam sempre connosco e nos adorem.
Para que o bebé ou a criança que vai pela primeira vez à creche, não seja “largado” e “arrancado” dos braços da família, todos em desespero, deve fazer-se uma adaptação gradual.
(Texto adaptado)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Projecto de Actividades 2010/2011 "Pequenos Artistas, Grandes Ideias..."


PROJECTO DE ACTIVIDADES 2010/2011:
As actividades desenvolvidas pelas crianças que frequentam as Ludotecas e CATL estão inseridas no Projecto Anual de Actividades da Casa da Criança do Rogil.
TEMA
Pequenos artistas grandes ideias….!!!!

As manifestações criativas das crianças podem ajudar-nos a compreender melhor o seu desenvolvimento emocional, intelectual, físico, social, estético e criador, são no fundo a expressão da sua essência.
Por vezes, são os adultos, que de forma inconsciente condicionam a criatividade das  crianças, confundindo a criatividade das crianças com algo incorrecto apenas porque não corresponde à realidade conhecida.
As iniciativas criativas das crianças devem ser elogiadas e valorizadas para que mais tarde se tornem adultos inovadores, com maior capacidade para resolver problemas com uma maior auto-estima.
Este reforço positivo dos adultos significativos irá estimular ainda mais a imaginação das crianças favorecendo a emergência de uma atitude e sensibilidade positivas que com certeza tornarão a criança mais capaz e competente.
Através do desenvolvimento da capacidade criadora promover-se-á um crescimento mais equilibrado e global da criança.
Com este projecto pretendemos promover e estimular a capacidade criadora das nossas crianças, não só no desenvolvimento das actividades mas também no próprio processo de planificação das mesmas, utilizando para tal uma técnica bastante conhecida, denominada como um activador criativo, a Chuva de Ideias.

OBJECTIVOS
Promover um tempo de lazer, diversão e descontracção, complementar mas distinto do tempo passado na Jardim-de-infância;
Proporcionar recursos e oportunidades criativas, diversificadas e adequadas aos interesses das crianças;
Desenvolvimento do potencial criativo e expressivo de cada criança;
Promover o respeito pela liberdade de expressão
Estimular a curiosidade, favorecer a originalidade e apreciação pelo novo.
 Promover, simultaneamente, a auto-estima e autonomia individual e a riqueza das interacções com diferentes faixas etárias e o espírito de equipa.
 Promover no grupo a escuta activa, a tolerância e o respeito pelo outro
Sensibilizar os pais/encarregados de educação para a importância do incentivo ao desenvolvimento do potencial criativo das crianças.
 Incentivar e promover a participação e envolvimento das famílias
 Promover o envolvimento com a comunidade de forma a incentivar a formação de cidadãos conscientes e participativos
DESCRIÇÃO DO PROJECTO
Ao longo do ano vão ser trabalhados 4 temas: Natal, Carnaval, Páscoa e dia da Criança
Para cada um destes temas:
1º Sessão de chuva de ideias
O grupo através da utilização da técnica Chuva de ideias vai responder a duas questões divergentes sobre o tema em questão
O que querem dizer sobre…? O que querem saber sobre…?
Depois da sessão é exposto o resulto da sessão, o tema central e todas as ideias recolhidas na sessão.

2º Planificação de Actividades
O resultado da sessão de chuva de ideias é a matéria-prima a partir da qual vão ser planificadas as actividades.
As animadoras elaboram a categorização das ideias exprimidas, nomeadamente entre os objectos, sensações e perguntas.
Para cada ideia ou agrupamento de ideias são planificadas actividades criativas e diversificadas.
A planificação das actividades é definida em conjunto com o grupo, desta forma as crianças associam a actividade à sua ideia, identificando como o dia da sua actividade.
A planificação das actividades é elaborada de forma acessível às crianças e afixada para que possa ser acompanhada pelo grupo e consultada pela família.

3º Os temas/As actividades
Os temas seleccionados são coincidentes com as épocas festivas anualmente comemoradas de forma a que:
● sejam temas significativos para as crianças
● estas datas possas ser comemoradas de forma diferente, reinventando conceitos e tradições
● integrando os temas das épocas festivas no projecto não se verifique uma sobrecarga para as crianças
O grande desafio é a criatividade em todo o processo de planificação pois as crianças vão partir do tema para algo muito diferente, sendo o tema apenas o ponto de partida. Ou seja, as actividades não vão ser cingidas ao tema em questão, este é apenas a base para as ideias das crianças, de onde vão surgir as actividades, que se pretendem tão variáveis quanto possíveis.
Pretende-se não só um processo de planificação mais criativo mas também que o desenvolvimento das actividades, seja em si uma oportunidade para o desenvolvimento da criatividade e das capacidades de expressão das crianças.
Em relação às actividades terão que ser diversificadas e originais, ter sempre como objectivo a criação e incentivarem a capacidade de expressão das crianças.
3º Avaliação do projecto
◊ No final de cada tema é realizada uma reflexão com as crianças. Nesta avaliação são mostradas como suporte fotografias e produtos das actividades e é registada através de uma chuva de ideias a avaliação das crianças. Nesta avaliação como ao longo do desenvolvimento do projecto é reforçado positivamente a capacidade de inovação, a criatividade e o contributo individual de cada um.
◊ O Projecto pressupõe uma avaliação contínua, tanto pelas responsáveis, animadoras e auxiliares que reunirão semanalmente e mensalmente com a Directora Técnica, para articular e definir estratégias, como, e principalmente, pelas próprias crianças que terão que ser sempre ouvidas, pois são elas que através da sua participação activa vão mostrar o rumo que o seu Projecto irá tomar.
 No mês de Julho é organizada a exposição do Projecto de Actividades, apresentada no Arraial da Casa da Criança do Rogil.
Oficinas criativas: Dia do Pai e Dia da Mãe
◊ Tal como no ano transacto, para comemorar o Dia da mãe e do pai vão ser organizadas oficinas criativas onde cada criança vai individualmente criar a sua prenda.
◊ As animadoras vão facilitar o processo de criação fazendo com que as crianças imaginem o que querem construir tendo como base: como são e de que gostam os seus pais e o que mais gostam de fazer com eles.
◊ As animadoras disponibilizam materiais diversificados na oficina criativa.
◊ Mais importante do que a perfeição do resultado é todo o processo de criação e o seu significado, sendo todo este processo e significado transmitido aos pais.

Programa de Competências Pessoais e Sociais
◊ Será desenvolvido um novo Programa de Competências Pessoais e Sociais específico para cada grupo, elaborado pelas animadoras responsáveis por cada valência com a supervisão e apoio da Psicóloga Telma Serrão.
◊ Se necessário as crianças serão divididas em grupos mais pequenos.
◊ As sessões têm uma periodicidade semanal.
◊ A planificação das sessões do Programa (calendarização e objectivos) foi entregue aos pais que autorizaram a participação das crianças no mesmo. No final do Programa será dado feedback dos resultados alcançados às famílias e organizada uma sessão do Programa de Competências Pessoais e Sociais com pais e filhos.