terça-feira, 29 de março de 2011

A adaptação (Fada Orientadora)

O Período de adaptação é “aquele” terrível momento para as crianças, pais, famílias e… educadoras. Sim, para as educadoras também. É horrível ver uma criança chorar desesperadamente porque os seus pais a deixaram “abandonada” (como ela pensa que foi) e não poder fazer nada por ela, salvo deixá-la chorar, fazer-lhe miminhos, dar-lhe abraços e beijinhos até que entenda que a mamã, o papá, a avó… vão voltar.
A todos nós nos custa adaptarmo-nos às mudanças: a mudar de casa, adaptar-nos a um posto de trabalho… Imaginem o que não deve custar a esse diminuto ser que, tão pequeno, experimenta essa grande mudança.
Vai passar do seio familiar, em que todos são conhecidos e onde ele sabe que o amam muito, para a “escola”, um lugar estranho, cheio de pessoas estranhas e com um monte de crianças, que ele vê como rivais.
Nós, os peritos e profissionais que trabalhamos neste campo consideramos que quanto mais cedo se produzir esta mudança, melhor será, tanto para o bebé como para as famílias. A idade que se considera ideal para tal são os seis meses, uma vez que é a partir desse momento que o vínculo materno filial se torna mais forte e a separação poderá ser mais dolorosa.
“Quanto tempo vai levar o meu filho a adaptar-se à creche?”, “Nunca mais vai deixar de chorar?”: são algumas das perguntas mais frequentes que se ouvem em qualquer creche nos primeiros dias. Cada criança é um mundo, e como tal, levará tempo a adaptar-se, dependendo das suas características.
É evidente que muitos são os factores que influenciam, como o tempo que passa com os pais ou os avós, se é ou não uma criança que adoece com facilidade, se tem ou não irmãos, etc.
Há que dar tempo á criança e não devemos pretender que se adapte no tempo a que a nós nos cai bem. Há que respeita-la e dar-lhe o seu tempo para que adaptação seja plena e completa.
Às vezes são os pais quem realmente necessita de uma adaptação. A sua insegurança ao deixa-los na creche, de mãos a tremer, lagriminha no olho… fazem sentir á criança que qualquer coisa não vai bem e o que vai acontecer a seguir não deve ser boa coisa.
Devemos tentar deixar as crianças entregues aos educadores com a maior serenidade e confiança, para que elas entendam que o que estamos a fazer está bem. Quando vemos que, mesmo assim, a criança chora, temos que tentar tranquiliza-la com frases como: “calma, a mamã e o papá já voltam”, “vêm buscar-te depois”.
Nunca, e isto é muito importante, nunca deve a família ameaçar as crianças com as “escola”, pois assim não conseguiremos uma adaptação totalmente satisfatória. Embora os nossos filhos sejam parte de nós mesmos, eles são pessoas com ideias e sentimentos próprios os quais devemos deixar “voar” e não pretender que estejam sempre connosco e nos adorem.
Para que o bebé ou a criança que vai pela primeira vez à creche, não seja “largado” e “arrancado” dos braços da família, todos em desespero, deve fazer-se uma adaptação gradual.
(Texto adaptado)

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